quarta-feira, 18 de maio de 2011

CASAR PRA QUE???

Acabo de assistir uma sessão de café filosófico, aquele programa exibido pela TV Cultura… Nesta sessão, o psicanalista Jurandir Freire Costa discorre sobre o tema: “ a paixão vista pelo enamorado”… O cara me deixou quase louco com tanta informação, me levando pra muito além do tema…

Eu acho lindo quando vejo conceitos bíblicos sendo salientados e confirmados pelo comportamento social. Numa passada rápida por alguns conceitos, vejo alguns valores fundamentais em constante mutação, nesse caso, nota-se todo um mosaico que, num passado longo, compunha as vigas de base da concepção familiar, o contexto social dela e as implicações do amor romântico nesse contexto, sendo substituídos por um senso de independência e singularidade individual…

Antes se considerava válido sofrer por amor, dispensar alguns prazeres individuais para formar uma família, dado o fato que a família era considerada o esteio da sociedade, e a sustentação das tradições eram prioritárias… De alguma forma, havia nesse conceito de família uma preocupação com as gerações futuras e o bem estar da prole com figuras claras de autoridade e tradição. Mesmo que sob parâmetros patriarcais muitas vezes totalitários, se formavam consciências de respeito e altruísmo positivas.

Hoje, principalmente depois da década de 40, (fim da segunda guerra) e mais saliente depois dos anos 60, todo esse conceito de vida em família foi substituído por um conceito de liberdade individual, onde cada indivíduo tem o pleno direito de se estabelecer só, isso é, não há necessidade de comprometimento, nem do estreitamento de algumas relações interpessoais. O sexo é livre, a América é livre, ninguém é de ninguém e todos são o que plenamente querem ser! Substituimos um conceito de poligamia tão polêmico por monogamias temporárias, em práticas como sexo casual, ficadas esporádicas e amores eternos de férias… Por consequência disso, o amor romântico ficou refém da realização pessoal, e o “start” familiar também. Várias gerações cresceram sem parâmetros de socialização, de maneira que a ‘liberdade’ individual se tornou uma quase obrigação social. Nosso senso de valores de sofrimento mudou… Onde antes se fazia válido sofrer pela família em função do futuro da prole e da sociedade, agora se faz coerente sofrer de solidão pela realização pessoal e satisfação individual.

No frigir dos óvos, criamos todo um equipamento social que suporta e incentiva esse discurso, como disk pizzas, fast foods, inúmeros canais de relacionamento online, programas de entretenimento exclusivos para solteiros, dentre outras tantas ferramentas, que geram a superficial sensação de auto-suficiência, e bem-estar sem compromentimento, excluindo a participação primária de um todo familiar…

Nosso contexto social contemporâneo quase nos impõe um comportamento individualista, mas é fato que os fatores de aceitação, doação, carinho, compreensão, afeto, confiança, dentre outros tão essenciais a natureza humana, ainda não ganharam nenhum equipamento equivalente para substituição, digo, o senso de Amor, tanto o romântico que gera o start, e o fraterno que sustenta e dá continuidade à família, ainda não foram substituídos. Numa ilustração pertinente, o preletor cita um ditado alemão que diz: “A dor compartilhada, vale pela metade… mas a alegria compartilhada, vale pelo dobro”… Esse é um conceito cada vez mais extinto… afinal, ninguém merece escutar nossos problemas e bla bla blas! Pagamos psicológos pra quê, senão dividir problemas e compartilhar conselhos?

As consequências do senso individualista são sérias! Nas palavras do psicanalista,“vivemos numa sociedade sem figuras de autoridade, logo, sem tradição e conseqüentemente sem passado. No tocante à isso, uma cultura sem passado é coveira de si mesmo”

Infelizmente esse quadro é quase irreversível, e isso já era previsto. Lá em apocalipse a Bíblia é clara quando diz que o “amor de muitos se esfriaria” e também que a “sexualidade aumentaria, mas não nasceriam filhos”… - Continuando o raciocínio do início, é fantástico ver como a Bíblia é coerente em tudo e como o comportamento da humanidade confirma isso a cada dia…

Pensando nisso tudo, tenho a idéia de que a igreja contemporânea, principalmente no Brasil, deve estar apta a suprir essa carência de senso familiar conseqüente de todas essas tendências sociais, orientando o mundo sobre amor romântico, amor fraterno e em essência primária, sobre o amor ao próximo… Minha inquietação reside em como?

Se a sociedade é um reflexo mais amplo da família, e a família é um reflexo direto de seus indivíduos, dentro dessa seqüência, vejo uma reforma de valores pessoais e a manutenção do caráter individual, talvez mais importante que a realização de programas sociais e campanhas de grande abrangência…

Desde o Gênesis, a falsa necessidade de independência nos distancia de Deus e de nossos reais valores. Fazemos parte de um movimento disposto a mudar o mundo! Mas precisamos nos compor de pessoas que tem primeiro a disposição de mudar a si mesmas. Uma vez que dentro da igreja e de famílias excepcionais, ainda somos influenciados ao extremo pelo discurso individualista.

Eu ando me perguntando; se são meus valores que geram minhas atitudes e determinam o impacto e o tipo de mudanças que eu vou causar. O que tenho feito pra melhorar isso e ser mais efetivo na causa pela qual eu me dei à lutar ?

Em suma, o psicanalista Jurandir, disse que a Bíblia está certa mesmo, e que eu preciso orar mais!

Isaque Veríssimo

http://www.rededajuventude.com.br/

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