Milhares de pessoas mortas, pobres e ricos, casas inteiras soterradas pela lama, bombeiros de várias partes do Brasil trabalhando arduamente, histórias tão chocantes que parecem ser construídas…
Parece que diante de tais situações, a igreja tem escolhido buscar respostas de longe. Infelizmente, de longe não encontramos respostas, mas desculpas.
Em Nova Friburgo, vi Jesus andando, com o pé enterrado na lama, com os olhos marejados com o choro da perda, com poucas palavras, poucas respostas, mas muita compaixão.
Vi Jesus nos grandes olhos de uma menina de 3 anos de idade, que acordou a família na madrugada, avisando e antevendo a catástrofe que ainda não havia acontecido;
Vi Jesus na motivação de um grupo de bombeiros voluntários, que viajaram com recursos próprios e se submeteram a condições limites, somando forças numa tragédia que se fez deles também;
Vi Jesus no serviço de uma senhora que havia perdido o filho e a neta, soterrados pela força do morro que caiu. Senhora essa cuja força sobrepujava a desgraça, com sorriso, amor, compaixão e serviço. Cozinhava, lavava, servia, agradecia, dava forças para a vida.
A igreja que procura respostas é tragada pelas trevas e pela morte, pois se vê vitima de palavras que se distanciam da vida. Diante de tal situação, a fé não serve para trazer legenda à realidade. Somos convidados a fazer parte do mesmo quadro!
“Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt4.4). Precisamos descobrir que a palavra que nos alimenta é um convite a dividirmos o nosso pão. Um convite a entendermos que a vida só é ganha no abandono de nossas falsas e vazias motivações faladas, para ser achada no compartilhar e no fazer-se presente.
Cansei de ver cenas dos bombeiros resgatando corpos. Profeticamente, não desejo me cansar de ver a Igreja resgatando a dignidade daqueles que perderam tudo. Esta, precisa ser buscada nos joelhos calejados pela oração, na voz rouca de quem discute com o Governo condições justas e soluções dignas, no não sensacionalismo midiático que faz o tempo ser curto diante de necessidades tão largas e duradouras…
No começo da igreja, havia a perseverança na doutrina dos apóstolos. Esta dizia respeito ao estar presente (comunhão), no dividir o que se tem com aqueles que necessitam (partir do pão) e na dependência e conversão diárias dos corações à vontade do Deus de vida (orações). (Atos 2.42)
Com alimento, teto, cumplicidade, humildade e real compaixão iam sendo salvos. Não por palavras distantes, mas pelo Pão da Vida, que venceu a morte não discurso, mas na realidade vivida!
Guilherme Stutz é musicoterapeuta, missionário de Jovens Com Uma Missão pela Vila do Louvor, e diretor da ETMIL – Escola de Treinamento para o Ministério de Louvor.
Fonte: http://www.jocum.org.br/